ConText

ConText

sábado, 8 de agosto de 2015

Monte Gunung Agung

Não dormi naquela noite. Às seis da manhã, na porta de embarque, a funcionária da TAP perguntou-me se me importava de passar para primeira classe, porque uma família, para seguir junta, precisava do meu lugar. Não me importei, achei que era um bom presságio, mesmo assim, ao longe. Embarquei. Acho que voei mais rápido do que o avião que me levou a Milão. Cheguei lá muito antes de desembarcar. Percorri corredores de um aeroporto antigo e cheio de pessoas tão diferentes. Senti-me grande por ser apenas mais uma ali e nem me importei quando, ao pedir informações, me responderam apenas “Bella ragazza!” Sorri e segui sem saber para onde, mas encontrei um lugar num outro avião que parou num mundo branco, limpo e de extrema organização no Qatar, onde me senti levada ao colo para um outro lugar. Longe da terra, voei até Singapura onde as borboletas me acompanharam numa espécie de banho matinal que me lavou de tudo o que ficara para trás e voltei a descolar.
Aterrei. Percorri corredores de anúncios a casas de sonho e ilhas paradisíacas. Paguei para entrar em Bali e vi-te. O mundo parou e o que estava tão longe passou a tão perto que nem a brisa quente e húmida cabia entre nós. Lembro-me de ver as palmeiras altas que decoravam a receção do hotel sob um céu de estrelas que percorremos uma a uma, juntos. Lembras-te? A pedra da banheira refrescou-nos os corpos incandescentes de amor e tesão e ali, perto de ti, senti-me perto do centro do mundo. Precisei de sair dali e saber-me acordada. Levaste-me pela mão nas ruas com cheiro a incenso e sentaste-me numa mota barulhenta onde me pude abraçar a ti. No cimo do Monte Gunung Agung disseste “Casa comigo.” Juro que senti o vulcão estremecer.


Sem comentários:

Enviar um comentário