Ainda que este título me faça, desde logo, perder uma série de leitores, arrisco usá-lo pela extrema importância de que se reveste. A hombridade enquanto sinónimo da nobreza de carácter é uma qualidade que se torna cada vez mais urgente nas sociedades atuais.
Sabendo, à partida, que a falta de hombridade não será, com toda a certeza, um problema exclusivo dos nossos dias, parece-me que vai falhando mais onde é mais necessária. Embora o pensamento utópico me seja particularmente caro, aspirar a uma sociedade coberta de hombridade não é, nem de longe nem de perto, um objetivo a atingir, pelo menos em termos absolutos. Contudo, mais uma vez, fico a pensar que cada um se deveria preocupar um pouco mais com o seu papel na sociedade e deixar as desculpas que nos motivam a falhar para trás das costas.
A verdade é que os cargos com mais visibilidade na sociedade, onde necessariamente me incluo, têm algumas responsabilidades acrescidas quanto ao exemplo que dão aos outros. São exemplo todas as profissões que lidem com públicos consideráveis, onde destaco, claro está, os políticos, mas também os médicos, os artistas e os profissionais da comunicação social.
A hombridade pode ser ensinada, principalmente pelo exemplo. E o mesmo acontece, ainda com mais vigor, com o seu oposto. E esse é, por isso mesmo, um dos grandes problemas dos nossos tempos, onde tudo - bom e mau - é muito mais visível. É difícil operacionalizar boas práticas e exemplos, quando somos constantemente confrontados com as vantagens (moralmente duvidosas) do seu contrário.
A nobreza de carácter, como tantas outras qualidades importantes do ser humano, está em crise, mas não desapareceu. Existe, deve ser promovida e praticada sem sentirmos que, de algum modo, nos estamos a tornar em lorpas. Não esquecendo, todavia, que a hombridade engloba a possibilidade de falhar, de cair, de aprender com os erros, mas acima de tudo, a capacidade de caminhar de cabeça erguida.
Hoje, apeteceu-me pensar nisto.
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