Há momentos que não ficam na memória, ficam só no coração. Mas há momentos que deviam ficar registados para sempre, porque tu és única e nunca te poderei comparar a nada a não ser a ti própria. Desde o dia em que nasceste que sinto esta necessidade de perpetuar tudo o que tu és, porque tenho medo que um dia nem tu possas saber aquilo que um dia foste. Sei que é assim: impossível guardarmos na memória aquilo que fica só no coração. Impossível passar a nossa memória para um disco externo que grave tudo aquilo que vemos, e ainda mais o que sentimos. Por isso escrevo, e sempre escrevi para te dar a conhecer todos os momentos que estão aqui no coração. É um trabalho sem fim, és uma fonte inesgotável de matéria prima, e todas as palavras que existem no mundo são claramente insuficientes para te descrever, para te identificar, para te amar. Mas eu tento. Continuo e insisto, porque me ajudas, porque cada sorriso teu que eu colho me impele a escrever.
A começar que seja pelo mais simples: e fácil é dizer-te que a chegada da tua primeira década se caracterizou por uma série de acontecimentos que se tornarão possivelmente marcos da história. Ou não. Mas foram, ainda assim, marcantes em cada um de nós que os vive ainda com intensidade. E é daqui, dos teus 10 anos, que te mostro aquilo que nunca deixarás de ser, mesmo que um dia não te consigas lembrar.
O início de 2016 foi dominado pelas eleições presidenciais em Portugal e estas não foram iguais a todas as outras. Nestas tu sabias de cor os nomes de todos os candidatos presidenciais e, embora eu não tenha feito questão de mostrar grandes favoritismos, tu assumiste clara e independentemente o apoio ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa. O mais mediático, é certo, mas também aquele que, por vários motivos que fizeste sempre questão de enumerar, te atraiu particularmente. Gostavas do sorriso e da simpatia, da disponibilidade e da seriedade. E dos outros tinhas também o que dizer, mais do que só o próprio nome.
Em 2016, o teu candidato tornou-se o presidente do teu país, insistes em querer conhecê-lo, e sei que isso acabará indubitavelmente por acontecer. Quero que não te esqueças disto, que as tuas primeiras opiniões políticas - é o que isto é - aconteceram ao chegares aos 10 anos, e há perguntas que fazes que eu tento responder, sempre de forma séria, porque me mereces respeito, mas principalmente porque isso falta à geração que encabeças.
Este ano, o engenheiro Guterres foi nomeado Secretário-Geral da ONU.
Este ano, estão 30 graus em outubro, e tu vives uma experiência académica nova. A tua professora de português do 5º ano foi a minha professora de inglês do 5º ano. A primeira avaliação que tiveste foi dela: a apresentação oral de um livro que leste, gostaste e recomendas. Surpreendeste, porque és capaz do melhor quando te apaixonas. Excelente.
A semana passada limpaste uma lágrima quando soubeste que alguém te considera a sua melhor amiga.
Ontem à noite disseste que me adoras, como o fazes tantas vezes. E eu não esqueço nenhuma.
E as memórias não param, mas aqui ficarão para sempre.
Continua...
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