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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A viagem (ii)


 Era dia 13, mas não era sexta-feira; escapara por um dia às previsões negativas dos supersticiosos.
  O voo foi calmo e breve, tempo apenas para um bife (ao pequeno almoço!) com ovos e um sumo de laranja. Aterrámos em Milão por volta das nove da manhã e foi fácil encontrar uma sala para fumar o primeiro cigarro do dia e apreciar o ambiente. Havia tempo para o próximo voo, mas muitos obstáculos para ultrapassar. Os passageiros e bagagens atropelavam-se nos corredores estreitos e antigos, os funcionários do aeroporto falavam alto, mais entre si do que com os viajantes, e gesticulavam para nós. Ganhei coragem e avancei para a multidão; dirigi-me a um posto, perguntando onde era o portão de embarque para Doha. Mostrei o meu bilhete e como resposta obtive:
- Mara! Bella ragazza, Mara! – completou com gestos que me apontaram numa determinada direção que segui sem mais questões. Desemboquei num grupo de conterrâneos que prontamente me ofereceu auxílio: o agente turístico deles trataria do meu check in. Tomei um capuccino e um cornetto – para não dizer croissant, já que não estava em França – e descobri que o grupo se dirigia para o Sri Lanka; a minha surpresa não foi maior do que a deles quando anunciei o meu destino: Timor.
-         Sozinha? - perguntou uma senhora com cerca de 50 anos, de sapatilhas e casaco polar, cabelo pelos ombros castanho e máquina fotográfica à cinta.
-         Sim. - sorri. - Há alguém que me espera lá. - descansei-a.
-         É preciso coragem. - comentou.
-         Ou muito amor. - completei.

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