Era dia
13, mas não era sexta-feira; escapara por um dia às previsões negativas dos
supersticiosos.
O voo foi calmo e breve, tempo apenas
para um bife (ao pequeno almoço!) com ovos e um sumo de laranja. Aterrámos em
Milão por volta das nove da manhã e foi fácil encontrar uma sala para fumar o
primeiro cigarro do dia e apreciar o ambiente. Havia tempo para o próximo voo,
mas muitos obstáculos para ultrapassar. Os passageiros e bagagens
atropelavam-se nos corredores estreitos e antigos, os funcionários do aeroporto
falavam alto, mais entre si do que com os viajantes, e gesticulavam para nós.
Ganhei coragem e avancei para a multidão; dirigi-me a um posto, perguntando
onde era o portão de embarque para Doha. Mostrei o meu bilhete e como resposta
obtive:
- Mara!
Bella ragazza, Mara! – completou com gestos que me apontaram numa determinada
direção que segui sem mais questões. Desemboquei num grupo de conterrâneos que prontamente
me ofereceu auxílio: o agente turístico deles trataria do meu check in. Tomei
um capuccino e um cornetto – para não dizer croissant, já que não estava em
França – e descobri que o grupo se dirigia para o Sri Lanka; a minha surpresa
não foi maior do que a deles quando anunciei o meu destino: Timor.
-
Sozinha? - perguntou uma
senhora com cerca de 50 anos, de sapatilhas e casaco polar, cabelo pelos ombros
castanho e máquina fotográfica à cinta.
-
Sim. - sorri. - Há alguém
que me espera lá. - descansei-a.
-
É preciso coragem. -
comentou.
-
Ou muito amor. -
completei.
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