Finalmente as férias! Tantos planos, tantas saídas, tanta música, tanta praia, tantas miúdas. Ai as miúdas… e este tesão que parece não passar nunca. Os pais já tinham saído e ele acordou tarde, para se vingar dos dias de escola, espreguiçou-se, e resolveu o problema que o incomodava ali para baixo, sem ter de se preocupar com barulhos ou gemidos. Limpou-se à meia que estava perdida por ali e saiu da cama; foi impossível não parar em frente ao espelho no corredor, este corpo estava mesmo diferente: músculos mais definidos, ombros largos, rosto mais severo… estava bonito, foda-se. Este ia ser o verão.
Na cozinha, abriu o armário e viu a sua velhinha caneca do Mickey. Retirou-a em automático mas depois olhou novamente para ela. Chega. Onde já se vira um rapaz giro como ele a tomar leite naquela caneca tão infantil
Colocou-a de lado para, mais tarde, dizer à mãe que não a queria mais, que a podia dar ou assim. Foi quando ouviu a campainha. Dirigiu-se à entrada e espreitou pelo buraco da porta: não viu nada. Devia ser alguma vizinha abriu a porta.
Nesse momento foi brutalmente empurrado por um movimento que o atirou para longe. Alguém entrava, tapava-lhe a boca por trás e, ao tentar defender-se, sentiu uma ponta afiada no pescoço. Acalmou a resistência e sentiu-se empurrado para a cozinha que ficava mesmo ali. Em encontrões ruidosos, viu-se encostado à banca. Tentou olhar para trás: só conseguiu ver a navalha.
Não resistiu, mas quando sentiu as calças serem puxadas para baixo, olhou para o Mickey em desespero. Agarrou na caneca e arremessou-a para a cabeça do indivíduo que se encostava cada vez mais. Funcionou. A caneca partiu-se e o homem caiu inanimado no chão.
Afinal havia uma última tarefa para o Mickey.
Sem comentários:
Enviar um comentário