Todos os factos têm duas versões.
Acordo de manhã, quando a luz está também a chegar. Estico o braço direito, depois o esquerdo, as pernas são as duas ao mesmo tempo. Levanto-me e penteio o cabelo (está bonito). Olho para o lado e ouço os passinhos pequeninos a entrarem no quarto (sorrio). O quarto não é meu, é nosso. O chuveiro não é grande coisa, mas ainda assim o melhor do mundo só porque está ali. Água, perfume, beijo, pão, café, papel, chave, carro. Fui.
Enfrento as feras, discorro em frustrações e em certezas. Entremeio tudo com literatura e música, que é o mesmo mas embalada.
Está sol e consigo carregar a bateria. Vejo árvores, céu, azul, cinzento, relva, verde, pássaros, garças (talvez), televisão, papel, computador, estrada, trabalho, projetos. Corro.
Telefono à amiga que tinha saudades minhas, recebo um convite para um casamento, leio as notícias, jogo no euromilhões (era bom!).
Chego mesmo a tempo. Um abraço e um mimo. Relatos e sons: já não há silêncio. Ouço. Sinto. Estudamos e contamos, dividimos e multiplicamos: as palavras, sempre!
Fogão, dieta, água. Sofá. Um abraço. Boa noite. Sono: muito. Cansaço. Amor. Feliz.
E é só. E é tudo. Tudo.
Mas todos os factos têm duas versões.
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