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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Carta aberta a Richard Zimler

Caro Richard Zimler,

começo esta carta por lhe relatar fielmente, tanto quanto um sonho é fiável, os acontecimentos passados na noite de ontem. Adormeço sempre muito bem, sem me perder em divagações que me prejudiquem a chegada do sono, embora isso seja compensado com um acordar prematuro - pelo menos para quem está de férias - lá pelas 7h da manhã. Por isso, os eventos que aqui partilho ocorreram perto dessa hora, no mundo fantástico e misterioso dos meus sonhos.

Eu estava a visitar um palácio lindíssimo, enorme, com salas imensas e grandes escadarias interiores e exteriores. Havia uma guia que me acompanhava e me explicava todas as características de cada uma das salas, histórias e estórias, detalhes e curiosidades de cada uma das pedras ali dispostas - ou assim me lembro. Parte integrante desse palácio - infelizmente não me recordo se real ou apenas imaginário - eram umas termas com propriedades milagrosas, onde um conjunto considerável de pessoas se encontrava. A visita continuou até um salão muito espaçoso, com longas mesas pintadas aleatoriamente com grupos de pessoas a fazer refeições.
Foi no meio desses grupos de pessoas que detetei o escritor Richard Zimler e comentei algo como "Olha, está ali o Richard Zimler! Gosto tanto do que ele escreve!" A minha guia, que havia entretanto desaparecido, não ouviu o meu comentário, mas alguém que permanecia de pé junto a mim ouviu-me e disse: "É meu aluno! Veio no meu grupo! É, de facto, extraordinário."
E eu, ainda com aquela curiosidade de quem enfrenta um ídolo, continuei: "Ai, sim? Professora? De quê?".
Talvez a resposta não tenha sido das mais interessantes, pois lembro-me apenas de ela ter referido algo relacionado com um workshop e uma faculdade - talvez a de Letras do Porto - e a confirmação do escritor no grupo liderado pela professora em questão.

Sentei-me, penso que aguardando a minha refeição.
Alguns momentos depois, na indefinição da passagem do tempo a que um sonho obriga, olhei para a minha frente e o escritor estava mesmo ali, dois lugares para a minha direita, mas na minha mesa, mesmo ali à minha frente. Lembro-me de me sentir envergonhada por querer iniciar algum tipo de diálogo (não que isso me seja difícil!!), mas - respirando fundo - saiu: "Perdoe-me por estar a incomodá-lo mas queria apenas dizer-lhe that I am an absolute fan of your work."
Não sei se a partir daqui a conversa se terá processado ou não em inglês, mas sei que aquela frase me ficou gravada naquela língua.
Com simpatia, como imagino que seja na realidade, respondeu-me agradecendo e a conversa continuou. Não recordo os detalhes do diálogo que se encetou - até porque devo confessar que a minha admiração se deve fundamentalmente a três elementos: um livro que li e que me encantou, outro livro que me fez admirar a sua capacidade de trabalho e os seus posts de Facebook que vou, amiúde, acompanhando - mas no sonho a conversa foi longa.
Talvez tenhamos falado sobre homossexualidade, preconceito, políticas atuais, adoção, barrigas de aluguer, ou de tantos outros temas que sei seriam empolgantes numa conversa com Richard Zimler.

Talvez o palácio que visitei fosse Portugal, e os visitantes os turistas que percorrem o nosso país. Talvez as pessoas a almoçar fossem a população nas suas rotinas diárias, e o escritor apenas um elemento de destaque como há tantos na sociedade.

Talvez não seja nada disso e eu tivesse apenas relembrado um post recente do Facebook ou algumas linhas do Evangelho segundo Lázaro que terminei há poucos dias.

Sei que isto me deu ainda mais vontade  para continuar a descoberta do trabalho de Richard Zimler e uma última conclusão (a razão desta carta aberta): se sonharem comigo, contem-me! Eu sonhei com Richard Zimler e resolvi partilhar.

Com muita admiração,

Filomena Morais

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