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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Entre bofetadas, lãs e agulhas

Quem lê e estuda literatura portuguesa ou história de Portugal repara que a nossa sociedade apresenta uma estranha uniformidade histórica, como se o passar do tempo mudasse apenas os ornamentos e deixasse intacto o interior dos agentes sociais. Passeando pelas páginas de Eça, de Sttau Monteiro ou de Saramago (como fazemos diariamente no ensino secundário), encontramos críticas sociais que são incrivelmente atuais. Nada de novo. Já nos habituámos a que os estudiosos realcem este facto.
Pessoalmente, gosto de acompanhar estes acontecimentos que apimentam os noticiários, mas principalmente os blogues e imprensa escrita. 
Admiro a capacidade de sermos todos diferentes, de encararmos a mesma realidade sob pontos de vista completamente distintos. É, de facto, admirável, a diversidade de opiniões.
Eu, como outros, encontro esses paralelos históricos e literários e acho-os fascinantes. A personagem que é arrogante e que se sente, genuinamente, superior aos outros e que consegue, ainda por cima, notoriedade pelos cargos que vai conseguindo desempenhar, só pode manifestar essa arrogância no seu dia a dia. Sente-a lá dentro e disfarçá-la, apesar de conveniente, seria um esforço hercúleo e, como se vê, impossível. Prometer bofetadas, salutares ou não, é exprimir superioridade. É arrogância social; e eu sei isso porque às vezes também sou atacada por essa vontade incontrolável de exprimir a minha superioridade em relação a outros. Mas depois penso: é melhor não, não é bonito. Exprimo-a na mesma, a maior parte das vezes, só para dentro e, quando sai, penso que tenho sorte em não ser ministra. Conclusão: o azar foi ele ser ministro.
As agulhas e as lãs não me merecem tanta atenção porque nunca fui muito dada às artes plásticas, esculturais, às de sucesso - como se vê. Não sei, portanto, identificar-me nessa vontade de levar agulhas e lãs numa travessia marítima perigosa. Percebo, contudo, a dificuldade de separação em relação à coleção Apple, embora ache muito estranho que não tenha selecionado uns alimentos para levar. Eu colocaria na mochila comida e água. O resto não sei, talvez a enchesse mesmo só com comida. Mas, pelos visto, nem todos têm tanto apetite como eu; ou será que tem a ver com as reservas?! Tendo mais reservas lá dentro, não precisa de as levar na mochila. 
E entre Gouvarinhos e Dâmasos Salcedes continuamos a jornada.

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